30 de setembro de 2012

Fontes de Inspiração: A Sétima Torre

   Sabe aquele livro que você acha um pouco infantil, mas que te cativa de tal maneira que você vira fã? Pois bem, A Sétima Torre é assim.
   Trata-se de uma história onde um garoto, Tal, que vive em um castelo, na divisão da ordem laranja, a mais baixa de todas as ordens do castelo. O mundo de Tal está submerso em uma escuridão mágica, chamado Véu, que foi criado há milhares de anos por causa de uma guerra contra as criaturas das Sombras.

A Sétima Torre - A Grande Pedra Violeta

    O pai de tal está desaparecido, sua mãe doente, em breve ele passará pelos rituais de iniciação, onde precisará entrar em Aenir, um mundo onde vivem criaturas fantásticas diversas, e trocar seu espírito sombra infantil e fraco, por uma das criaturas mais poderosas, que o acompanhará para o resto da vida, evitando também que sua família seja rebaixada para os níveis subterrêneos, onde vivem os renegados e os sevos.
   Mas para fazer isto, ele precisará de uma pedra-do-sol, que lhe conferirá poderes suficientes para realizar o ritual. As pedras-do-sol são artefatos muito poderosos, que cada casa e cada pessoa possui uma, porém algumas são mais poderosas que as outras, isto depende do tamanho. 

A Sétima Torre - Os Seis Livros: A Queda, Castelo, Aenir,
 Acima do Véu,  A Grande Pedra Violeta e Em Guerra.

   Tal se mete em várias aventuras ao tentar roubar uma pedra-do-sol do alto do castelo e cai em um mundo que nunca havia conhecido antes, o mundo fora do castelo, o mundo de gelo e escuridão. Ali ele conhece Milla, que no começo se torna sua inimiga, e no meio de várias intempéries, ambos se tornam aliados para um bem comum: proteger o mundo de uma grande ameaça.



Em Guerra


    Ambos passam por várias aventuras juntos, e Tal acaba descobrindo uma grande conspiração de um antigo espírito sombra que está prestes a dominar novamente o seu mundo, destruindo o véu e permitindo que o sol torne a birlhar sobre o mundo, fortalecendo assim os espiritos-sombra e permitirndo a entrada de suas hordas malignas.
    Tal consegue um espírito-sombra para si, e acaba fazendo com que Milla perca sua sombra natural ao ser ligada a um espírito-sombra também, o que para seu povo, o povo do gelo que possui uma cultura completamente diferente do povo do castelo, e que jamais se esqueceu dos dias antigos, corresponde a uma grande desonra, o que faz com que ela não possa mais se tornar uma amazona.
   A História é surpreendente, e te faz viajar por cenários inimagináveis, conhecer criaturas muito estranhas e "participar" de aventuras muito divertidas.

O Castelo


   A saga possui seis livros: A Queda, O Castelo, Aenir, Acima do Véu, Em Guerra e A Grande Pedra Violeta. Ela foi idealizada por George Lucas, criador de Star Wars (Guerra nas Estrelas) e escrita por Garth Nix, que escreveu a recente As Chaves do Reino. O primeiro livro, A Queda, foi lançado no Brasil em 2002, pela editora Nova Fronteira.

   É uma aventura fantástica que vale a pena ler e viajar!

Influências na Criação de Zharya - Lords of Magic

   "Welcome, to Lords... of Magic!" - Foi a primeira frase que ouvi quando tive contato com o jogo. Esta é a frase de abertura do jogo,- quando se clica em iniciar. Eu me senti mesmo em um mundo de fantasia quando cliquei na tela de início. A voz do narrador é muito supreendente e inesquecível.
  
Lords of Magic
Capa do Jogo Lords of Magic


   Você deve estar se perguntando: do que se trata? Bom, trata-se de um jogo de estratégia em 3º pessoa, baseado em turnos, onde você tem como objetivo subjugar a facção elemental inimiga, ou seja, o elemento oposto. O jogo foi desenvolvido pela Sierra, e teve três versões, o Lords of Magic I, II e Special Edition.

Tela de abertura - Lord of Magic
Tela de abertura - Lord of Magic

   "Please select your leader type" - Quando se clica em novo game você é transportado para a tela onde poderá selecionar a classe do líder de suas hostes. Ele poderá ser um Guerreiro, Mago ou Ladrão. Eu sempre escolhia o mago.

Tela de seleção de Classe do líder das tropas

   "The Circle of Life, has no beginning, or end. Choose your faith, and write your own destiny!" - Esta é uma daquelas frases de efeito que te deixam viajando muito mais: "O Ciclo da Vida não tem começo ou fim. Escolha sua fé, e sele seu próprio destino." Após a seleção da classe de seu líder, você é transportado para a seleção de sua facção elemental. Terra, Caos, Água, Morte, Ar, Ordem, Fogo e Vida, são os oito elementos disponíveis para seleção. Aqui começa-se a se ambientar com os elementos do jogo.



Observando, vemos que o herói da Vida é um Elfo, e tudo do reino da vida gira em torno do reino dos elfos. O da Morte são os mortos-vivos, como já se podia imaginar. A maioria é composta principalmente por humanos, mas você vê algumas raças fantásticas como os gigantes (do ar e do fogo), os anões e gnomos (da terra), os homens-peixe / homens-lagartos (da água), e assim sucessivamente.


   Você possui agora um reino para dominar e territórios a conquistar. Seu objetivo principal é derrotar a facção inimiga, mas em seu caminho sempre existirá o Senhor da Morte, Balkoth, a menos que você escolha a Morte.
   Você terá de recolher recursos, estudar magias e avançar tecnologias para melhorar suas unidades (soldados) e poder adquirir outras mais poderosas. Você poderá recrutar criaturas mitológicas como pégasus, unicórnios e dragões.


    Este é um jogo daqueles em que você é transportado para um mundo repleto de fantasia e mitologia. Apesar de ser antigo, nele você pode viajar muito e se divertir à beça. Bom jogo!





   Um vídeo para conhecer um pouco sobre o jogo.

15 de setembro de 2012

Influência na Criação de Zharya - Caverna do Dragão (Dungeons & Dragons)

    Há muito tempo atrás, quando eu era um filhote, surgiu o desenho Caverna do Dragão. Uma adaptação de Dungeons & Dragons (RPG de mesa). Acredito que este desenho tenha feito parte da infância de muita gente, pois ele repetiu e reprisou na TV. É um daqueles desenhos fantásticos que cativa as mentes fantasiosas de primeira, e com o tempo faz com que a pessoa viaje por este mundo criando as próprias aventuras.
   O desenho acompanha as aventuras de uma turma muito heterogênea e com arquétipos marcantes. Esta turma é composta por cinco adolescentes e uma criança. O líder, Hank, um adolescente do tipo bonitão, que usa como arma um arco mágico que dispara flechas de energia; no RPG Dungeons & Dragons sua classe é Ranger.
 
Da esquerda para a direita: O Vingador, Bobby, Diana, Uny, Sheila,
Presto, O Mestre dos Magos, Erick e Hank.
   Presto, seu nome verdadeiro Albert, um nerd tímido e desastrado, possui como arma um chapéu de onde extrai suas magias, mas como não o domina, sempre faz trapalhadas, ele sofre muito bullying por parte dos amigos por nunca conseguir fazer um feitiço corretamente, sua classe é Mago. Diana, uma acrobata muito habilidosa e bastante segura de si, ela é a única negra do grupo, e possui uma personalidade forte, sua arma é um bastão muito flexível e expansível, sua classe seria uma espécie de Rogue. Erick, um garoto mimado, arrogante e covarde, sempre resmungando e se metendo em furadas, usa um escudo mágico capaz de refletir e/ou conter qualquer tipo de ataque, sua classe seria Cavaleiro.

dungeons & dragons
Uma nova roupagem nos personagens, mais moderna e madura.
   Por fim, e não menos importantes os irmãos Sheila e Bobby. Ela, uma garota doce e meiga, procura sempre proteger seu irmão mais novo, usa uma capa de invisibilidade, sua classe é Ladrão. Ele um garoto impetuoso e destemido, que às vezes acaba por entrar em enrascadas por isto, usa como arma um tacape que pode causar abalos sísmicos tamanho o seu poderio, sua classe é Bárbaro. Fez amizade com uma filhote de unicórnio chamada Uni, que sempre acaba por impedir que eles saiam daquele mundo.

Uni, a filhote de unicórnio.


   Tudo começa quando esta turma é transportada para um mundo completamente estranho e hostil. Uma versão fantástica do nosso mundo na era medieval, cheio de criaturas estranhas. São orientados pelo mestre dos magos, como o nome já diz, é um ser sapiente que surge do nada e desaparece da mesma forma, que se parece muito com um gnomo, ou seria um anão? Independente de sua raça ele sempre fala com o grupo através de enigmas e aparece raramente.

O mestre dos magos.
   Seu maior inimigo é o Vingador. Uma vil criatura das forças das trevas que deseja roubar as armas e itens mágicos dos protagonistas. Além disso, ele também atormenta e escraviza vários povos, e apesar de ser um ser maligno, usa de certa justiça para com os personagens, o que demonstra seu alinhamento leal e mal. Ele cavalga uma criatura chamada pesadelo, um corcel das trevas, que voa, mesmo não tendo asas, ao contrário de seu mestre que não voa, mesmo possuindo asas.

O Vingador e Tiamat o Dragão de Cinco Cabeças.
  Eles têm como inimigo também o Demônio das Sombras, um servo fiel do Vingador, e o terrível Tiamat, um dragão de cinco cabeças, cada uma representando uma raça de dragões cromáticos. Tiamat é tão temível que até o Vingador o teme.
   O mundo é muito vasto, e muitas aventuras aguardam os heróis. Tudo isto faz com que a imaginação do espectador role solta. Você pode ser o que você quiser em Dungeons & Dragons. Quem nunca viu, sugiro que veja. Viaje nesta aventura!













2 de setembro de 2012

Influências na criação de Zharya - Saint Seiya (Os Cavaleiros do Zodíaco)

   Uma das maiores, se não a maior, influência e fonte de inspiração que tive e ainda tenho, é Saint Seiya (traduzido no Brasil como Os Cavaleiros do Zodíaco). Me lembro de quando assisti o primeiro episódio, foi fantástico! O enredo era inédito, as batalhas eram muito legais e o design muito bom, principalmente pelo fato de eu estar acostumado aos desenhos americanos.

Ikki, Shun, Hyoga, Shiryu e Seiya em sua primeira versão
   Virei fã de Saint Seiya logo de cara. Sempre que podia comprava as revistas Herói, onde sempre saíam sinopses de episódios e diversas conjecturas e histórias dos personagens, além de outras séries, animes, tokusatsus, desenhos e games. Se não me engano a revista era veiculada quinzenalmente, não consegui informações sobre sua veiculação.
    Os personagens eram todos adolescentes, e eu me identificava muito com eles. Principalmente com  Shun, um personagem daqueles que é todo bonzinho, mas que é muito poderoso, mas não gosta de lutar, preferindo resolver as coisas através da diplomacia. Apesar de sempre pensar que ele poderia ser mais independente, como acabou parecer se tornar em Saint Seiya Omega, que falarei mais abaixo.

Abertura da Saga do Santuário
    Eu acompanhava cada episódio e comentava sempre com meus amigos. Um dia eu um amigo de infância decidimos começar a desenhar os personagens. E foi com base na arte de Masami Kurumada (criador de Saint Seiya) que comecei a desenhar o pouco que sei hoje.
    Criamos os nossos próprios cavaleiros e uma historinha que queríamos que se tornasse um fanzine (quadrinho produzido por fãs).  Nós fizemos várias ilustrações que se perderam ao longo dos anos, mas isto já outra história.
Shun, Seiya, Shiryu e o Hidra na saga Ômega
    Definitivamente eu me deliciava com o desenho, e fantasiava muito. Eu queria ser um Cavaleiro do Zodíaco, não para defender Atena, mas para ter poder e vencer o mal. Sempre brincávamos de dar golpes uns nos outros (os amigos), e eu sempre chegava em casa arranhado, socado, e machucado, e tinha logo que responder às perguntas de minha mãe: Onde você arrumou este arranhã? Quem te bateu? E por aí ia.

The Lost Canvas - Alone (Hades), Sasha (Athena) e Tenma (Pégaso)
    Os anos passaram, outras coisas se tornaram prioridade em minha vida, e tudo isso virou passado. Mas eu sempre queria voltar, criar e fantasiar. Um dia eu descobri que mesmo sendo adulto, tendo todas as responsabilidades e obrigações de um adulto, eu poderia continuar a fantasiar, a imaginar e a criar um mundo, e quando eu descobri isso eu já tinha metade do rascunho de Zharya criado.
    Voltei a assistir Saint Seiya, e assisti os episódios que não havia visto. Vi a Saga de Asgard e Poseidon, assisti alguns longas, uma parte da Saga de Hades (não assisti toda!!!), e algum tempo atrás tive contato com a saga The Lost Canvas, que conta a história da batalha contra Hades que ocorreu antes desta última.  

Yuzuriha, Yato e Tenma - The Lost Canvas
    Eu me deliciei mais uma vez, e agora, como adulto, tenho uma outra visão do universo de Saint Seiya, e procuro observar outros elementos como o roteiro, a profundidade dos personagens, além da arte. E percebi que eles trabalharam melhor os personagens (quase todos novos), mas que têm muitos elementos dos antigos. Acompanhei a parte da série que foi lançada (26 episódios divididos em duas temporadas), e até o momento as temporadas seguintes ela estão suspensas ou canceladas.

Banner de Saint Seiya Ômega

   E este ano, 2012, foi lançada a série Saint Seiya Omega, que conta a história deles 30 anos depois da saga de Hades. Esta série recebe nova roupagem, com novos personagens principais, passando a ser seis adolescentes em treinamento, buscando derrotar o mal e proteger e encontrar Athena, que está desaparecida, e ameaçada por um novo vilão chamado Marte. 
   Os elementos do enredo não são nada originais. A série se tornou mais comercial e voltado para o público infantil, e traz pitadas desde Sailor Moon e Dragon Ball, até Naruto, entre outros. Mas que ficou, ao meu parecer, divertida. Eu gosto de ver os antigos personagens principais como coadjuvantes.
    Enfim, Saint Seiya foi uma grande influência na criação de Zharya, e enquanto trouxer novidades a este fã, será uma fonte de inspiração ótima. 
    Porém, no início, no processo de criação, eu precisava de mais elementos. Muito mais. E fui em busca de outras fontes. Mas isto é outra história.

Kouga de Pégaso, o personagem principal da saga Ômega

31 de agosto de 2012

Fontes de Inspiração: A História Sem Fim

   Estes dias, futucando o Facebook, vi em minha linha do tempo uma imagem do filme  A História Sem Fim, adaptação para os cinemas do livro de mesmo nome do escritor alemão Michael Ende. O livro possui nome original Die Unendliche Geschichte, e além de cinema (trilogia), foi adaptado também para desenho animado, seriado para TV e até peça de balé na Alemanha.

A História Sem Fim - Livro de Michel Ende


   A história central do livro gira em torno da destruição da Fantasia, uma terra onde vivem criaturas fantásticas, onde toda a fantasia humana se reúne, e que está sendo consumida pela entidade O Nada, pois os humanos deixaram de acreditar na fantasia humana e passam a acreditar em mentiras, como diz a criatura Gmork (um lobo maligno, servo dO Nada) em seu diálogo com Artreyu (O mocinho):
"Fantasia não tem limites. É o mundo da fantasia humana. 
Cada parte, cada criatura é um pedaço dos sonhos e das esperanças da humanidade. 
Portanto, não tem limites. 
Fantasia está morrendo porque as pessoas começaram a perder as esperanças e a esquecer os sonhos. 
Assim, o Nada se fortalece."
Artreyu encontra Gmork e dialogam antes de lutarem
   Definitivamente O Nada é a pior das entidades, ou poderíamos dizer situações, causado pelo ceticismo das pessoas, e por deixarem de acreditar em fantasias. Quando se diz hoje em dia que se gosta de literatura fantástica, e de desenhos animados, games, e coisas que te fazem se desligar um pouco da estressante realidade do dia-a-dia, as pessoas passam a te olhar com descrença, dizendo que são infantilidades, entre outras coisas. Se eles pensam assim, problema o deles. Eu adoro fantasiar, e um dia pretendo, sim, ser um escritor de literatura fantástica.
Auryn - A insígnia da Imperatriz Menina

   Voltando ao enredo, nas entrelinhas da história, podemos perceber que os humanos estão deixando de acreditar na fantasia, principalmente as crianças que começam a perder a fantasia e a inocência, e os pais que não os deixam mais acreditar em coisas fantásticas e lendas, despovoando assim os sonhos delas de coisas da imaginação, desvirtuando e limitando a criatividade sem limites da infância.
   Quase no final do primeiro filme, quando Arteyu retorna de sua missão acreditando que havia fracassado, a Imperatriz Menina nega o fato, pois o importante era que os humanos voltassem a acreditar na fantasia, e diz que ele havia conseguido, pois o garoto humano Bastian (personagem central da história), estava ali com ele, e diz: "Ele partilha das suas aventuras e outros partilham das dele". E o interesse de todo escritor de literatura fantástica é que as pessoas passem, não exatamente a acreditar em fantasia, mas a viajar pelo mundo criado por ela, a torcer pelo sucesso ou falha das personagens, a imaginar como seria se tudo isso fosse real, a fantasiar.
A Torre de Marfim - Centro de Fantasia, onde vive a Imperatriz Menina
  
  O que mais me inspira é que a estória transborda elementos fantásticos, como Morla (um ser ancião, mais sábio de fantasia) que vive dentro da Montanha Casco (na verdade a montanha é literalmente o seu casco, pois Morla é uma tartaruga gigante), e que vive no Pântano da Tristeza; o Palácio do Segredo profundo, a Torre de Marfim, a Caverna dos Gnomos, as esfinges na porta de pedra e o Oráculo do Sul, o gigante de pedra Come-Pedras, o dragão da sorte Fuchur (Falkor, no filme), e diversos outros personagens, locais e elementos mágicos que compõem a história, a tornando uma riqueza em fantasia e magia, que faz correr solta a imaginação.

Artreyu e Falkor (Fuchur no livro), o Dragão da sorte

  Seu enredo também passa várias lições de moral, como não deixar que a trizteza consuma sua vida, lutar pelo que se acredita, não deixar que seus medo te dominem, e até como lidar com as perdas, entre outras que são experimentadas e exprimidas por situações ou falas dos personagens.
   Tudo isto me inspirou, e inspira até hoje, me fazendo voar por uma dimensão imaginária cheia de aventuras e magia. Foram elementos de minha infância, mas que mantenho avivados dentro de mim, às vezes assistindo novamente o filme, ou lendo posts em blogs e facebook, e por aí vai...

Artreyu e Morla, o ancião mais sábio de Fantasia

   Quem nunca assistiu ao filme, vai achar muito tosco, pois os efeitos de 1984 são muito inferiores aos atuais, sugiro que leiam o livro (que ao contrário do que se imagina, eu ainda não li, infelizmente, porém, pretendo comprá-lo em breve).
   Enfim, vale a pena viajar por esta fantasia maravilhosa.


Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/The_NeverEnding_Story
http://pt.wikipedia.org/wiki/Die_Unendliche_Geschichte
http://31filmes.blogspot.com.br/2009/06/historia-sem-fim.html
http://livroseafins.com/a-historia-sem-fim-de-michael-ende-e-o-poder-intraduzivel-dessa-narrativa/
http://www.webcine.com.br/filmessi/neveren1.htm
http://www.puropop.com.br/destaques/2011/05/04/puro-mofo-a-historia-sem-fim/



26 de agosto de 2012

De onde vêm as inspirações?

   A criação de qualquer tipo de texto necessita de uma inspiração.
  É preciso ler, pesquisar, assistir, ouvir, ver, e ler mais um pouco. Após isto, você começa a ver que as coisas que você imaginava já existiam em um livro, e descobre também que você já havia ouvido ou lido isto em algum lugar.
   Pode parecer uma tarefa enfadonha para quem não gosta de ler, mas para quem gosta do assunto que está lendo, é uma viagem.
   O importante é que se escreva e se leia sobre algo que se gota. Eu gosto de literatura fantástica, logo, eu leio literatura fantástica e, escrevo literatura fantástica. Quem gosta de drama, sugiro que leia e escreva drama. Fazendo assim as chances de você ser bem sucedido são muito maiores, pois você estará fazendo o que gosta.

Darkover - Marion Zimmer Bradley


   Não são somente os livros que são fontes de inspiração, os quadrinhos são grandes contribuintes para a imaginação correr solta, pois somam imagens ao texto, e te dão uma visualização daquilo que o escritor imaginou. As produções cinematográficas também são grandes contribuintes, apesar de em sua maior parte serem inspiradas ou baseadas em obras literárias publicadas, quadrinhos, desenhos animados ou até mesmo vídeo games, as ideias apresentadas num filme são sempre um motivo para que se crie algo.

Brasões da Guerra das Rosas


   A história e o cotidiano também são motivos de inspiração. Os fatos históricos, como guerras e catástrofes inspiram a criação de situações adversas, por exemplo uma guerra pode inspirar um livro, um maremoto pode inspirar um conto, as questões políticas podem inspirar um capítulo, enfim, cada situação inspira a criação de algum tipo de conteúdo interessante.

Segunda Guerra Mundial


   As músicas inspiram algo. Eu ouço canções New Age, como Enya e Celtic Woman, e fico viajando por lugares onde só tenho acesso pela imaginação. As batidas de R&B me inspiram também. Até a Sandy Leah me inspira com suas canções. As letras também são muito importantes para a criação, até porque você lida com palavras. Tem uma canção de Sandy Leah, de título Quem Eu Sou possui um trecho em especial que me fez pensar e repensar muito. Nela eu sempre imagino meu personagem principal caminhando e olhando para trás e vendo o sol se ponto. Eis o trecho:
“[...]E meu caminho vai
Sem medo de chegar
Só vou olhar pra trás
Pra ver o sol se por[...]”
   As canções acabam por nos inspirar algumas situações e sentimentos de personagens.

Enya - Cantora New Age


Lendas, contos, cantigas, mitologias, folclores, culturas, a inspiração pode partir de qualquer lugar. Pessoas inspiram a criação de personagens e raças, paisagens inspiram a criação de lugares, até a arquitetura inspira a criação.
   Grandes escritores de literatura fantástica também tiveram suas ideias inspiradas por outros autores, por quadrinhos e até pela própria história mundial. Alguns deles nunca contaram quais foram os que os inspiraram, como a J. K. Rowling que apenas cita que quando criança gostava de ler algumas orbas como “O Vento nos Salgueiros” (Kenneth Grahame), O Cavalinho Branco (Elizabeth Goudge). Outros deixam bem claro, como C. S. Lewis que se inspirou em G. K. Chesterton.

J. R. R. Tolkien - Escritor


   O brasileiro Eduardo Spohr, ao escrever “A Batalha do Apocalipse”, se inspirou em Robert E. Howard (autor de Conan) e na Bíblia Sagrada. O autor de “As Crônicas de Gelo e Fogo”,George R. R. Martin, que ainda desenvolve a saga, se inspirou na Guerra das Rosas (que ocorreu entre 1455 e 1485 na Inglaterra) e em Ivanhoé (romance de Walter Sott). E como não poderia deixar de citar o pai da moderna literatura fantástica, que inspirou os RPGs (Role-playing game), J. R. R. Tolkien, que estudou contos de fadas em outras latim e grego, se inspirou na I Guerra Mundial, e desenvolveu o Condado à partir do lugar onde viveu.



   Enfim, a sua vida é um motivo de inspiração para se escrever algo. Deixe a sua imaginação fluir e solte as palavras no papel ou no editor de texto, onde quer que você escreva, só não deixe de escrever.



Fontes:
Livros dos autores citados (em notas sobre o autor).
http://pt.wikipedia.org/

6 de maio de 2012

Os Espíritos da Floresta

[Fragmentos]
   "Kyrion olhou para o lado, ali estava Ubutundu, um amigo inesperado, alguém que o ajudou a chegar até ali, após fugir de Profanópolis, e ter a infelicidade de conhecer Avhog o Senhor das Trevas, o Terrível, assentado no Trono das Sombras, a coisa mais tenebrosa que havia visto até então. Pouco soube sobre ele, apenas que era filho da Elthra e de Bohoc, o Destruidor. Mas aquilo já havia passado, e não pretendia remoer mais pensamentos deste tipo. Não por enquanto.
   Ubutundu estava ali, prestes a ser consagrado Guerreiro dos Espíritos da Floresta, uma posição de honra entre os gardênios, um povo que nunca sonhara em conhecer, e que, apesar de ter lido e estudado a maior parte dos livros de História do Mundo Conhecido que tinham na biblioteca de sua cidade, que tanto amava, nunca havia ouvido falar deles. 
    E no entanto, ali estavam eles, guerreiros, xamãs, chefes tribais, multidões de habitantes das florestas, pôde ver até alguns Ruthos da Verdúvia e Gherdiens das Florestas do Sul. Não imaginava ver estes naturais ali, e daria tudo para que Asifa estivesse com ele. Sentia saudades de Asifa, aquela amiga que surgiu também de maneira inesperada, ajudando-o em sua fuga, quando os desmortos invadiram a cidade onde crescera. Sentia saudades de sua família, não havia recebido mais notícias de seus pais e irmãos, nem mesmo de Kaeran que o acompanhou por todo o caminho até o Abismo Vertiginoso, e ali se separaram, quando teve a doença do despertar... 
   E comaçava novamente a divagar quando Ubutundu se apresentou perante a assembléia. Sem dizer uma palavra caminhou até o xamã e se ajoelhou com o punho direito cerrado sobre a fronte. O xamã proferiu orações em uma língua antiga, que Kyrion não pôde distinguir, uma lingua das florestas.
   Estava começando o ritual de iniciação do guerreiro fez com que a magia da floresta se mostrasse cada vez mais poderosa. Kyrion se remexeu desconfortável em seu assento no galho de uma árvore muito antiga e alta, que parecia projetar assentos na maioria dos galhos baixos. Ali naquele lugar de reuniões muitas coisas eram estranhas como o altar, uma pedra coberta de musgo e outras vegetações rasteiras; a assembléia nas árvores, algo muito parecido com as assembléias dos Psylons, mas ao invés de serem feitos em pedra negra, tudo ali era verde, feito de natureza, de árvores, pedras cobertas de folhas, musgos, trepadeiras e uma infinidade de coisas que não entendia, e que nem queria prestar atenção para não se perder tentando entender o que era isto ou aquilo.
   Os cânticos ritualísticos tomaram força, eram sons de verde e planta, fauna e flora, eram músicas da floresta. Uma melodia além da compreensão de Kyrion, ao mesmo tempo em que ouvia farfalhar de folhas e gotejos de água, ouvia sussurros dos animais, e vozes da assembléia, água corrente, grilos cantando, sapos coaxando, e uma profusão de sons que seguiam uma melodia e harmonia bem definida, algo verdadeiramente vertiginoso. 
    Kyrion estava sentado na parte frontal da assembléia, e à sua volta havia uma grande quantidade de árvores entrelaçadas, formando uma muralha verde e marrom, impossibilitando a passagem de qualquer criatura maior que um inseto, e atrás da muralha central haviam árvores muito mais antigas que quaisquer outras que já havia visto até hoje. Elas possuíam algo que não se podia explicar o que quer que fosse, ali estava o coração da floresta. 
   Já não sabia quanto tempo estava a escutar aquela música, quando percebeu uma mudança estranha nas árvores gigantes. A magia fluía de tudo o que havia à volta de Kyrion.

   A maior e mais antiga de todas as árvores do coração da floresta girou em si mesma, tomando forma diferente, um rosto formou por entre folhas e galhos. Era rodeado por uma juba densa de folhas muito verdes e ramos finos, ramagens e cipós formavam uma barba que ia até o que representava seus joelhos, grossos braços de galhos maiores saíam por ambos os lados do corpo, mãos e dedos cheios de raízes se projetavam de sua extremidade; pernas de tronco e pés de raízes caminharam à frente enquanto as outras árvores tomavam formas vagas e se afastavam do caminho. O mais antigo veio para a frente, e com sua voz de galhos que se partiam e folhas que farfalhavam falou ao viventes:

Kyrion assistindo ao ritual de consagração dos guerreiros gardênios.

   - Viventes, bem-vindos sejam! - A voz de espírito-árvore soou em uma língua transcendental, que fez com que qualquer ser que o escutasse sentisse um profundo respeito ao ponto da obediência. Todos os presentes na assembléia, pequenos e grandes, crianças, adultos e velhos, guerreiros e nobres, imediatamente reverenciaram o Mais Velho de Todos.
   O xamã se adiantou e fez uma grande reverência ao Mais Velho de Todos. Kyrion não compreendia a língua que era falada, mas pôde distinguir um nome: Ghedur. E sabia o que significava. Incrédulo, percebeu que aquele realmente era o Mais Velho de Todos, só não sabia que ele um dia fora um espírito árvore. Havia estudado sobre os povos naturais, e sabia que Ghedur vivia ainda hoje, desde as Guerras Sagradas. Que ele havia auxiliado Yisaatar e seus amigos a derrotar Bohoc, e que mesmo naquela época ele já era velho. Inclusive não sabia se ele realmente era um natural ou outro tipo de ser. 
    Estava estupefato e assim continuou por um tempo enquanto o ritual seguia seu curso, e os guerreiros eram apresentados. Por fim Ubutundu foi apresentado também, e a árvore falou-lhe muitas coisas que nenhum dos presente pareceu entender, e sussurros se espalharam pela assembléia. As pessoas se espantavam à medida que Ghedur ia falando a Ubutundu, e por fim, o espírito-árvore fez algo incomum de se acontecer: trocou o nome de Ubutundu para Apuamapoena, causando assombro na assembléia e até mesmo no xamã. Mais tarde Kyrion veio a saber que significava "aquele que enxerga muito longe", e entenderia o significado disto tudo.

Kyrion fala com Ghedur o Mais Velho de Todos
e é atacado pelos gardênios.

   O espírito-arvore terminou de proferir suas palavras, que mais pareciam uma profecia, e então o ritual foi finalizado com mais preces e agradecimentos aos espíritos. Com uma pausa longa, como se esperasse por mais alguma coisa, o espírito-árvore começou a se virar para se retirar.
   - Por favor, espere! - Kyrion se levantou de seu lugar se dirigindo ao espírito-árvore, com medo do que viria em seguida.
   - Nãããão... - Gritou Apuamapoena, avançando rapidamente em direção à Kyrion que começava a levitar em direção ao centro da assembléia, numa tentativa frustrada de pará-lo.
   Neste momento várias coisas aconteceram ao mesmo tempo: os guerreiros levantaram suas armas, tomando posição de ataque; as pessoas que assistiam exclamaram horrorizadas; Apuamapoena gritava desesperadamente para que Kyrion parrasse aquela estupidez; Kyrion flutuou pairando defronte o espírito-árvore para fazer o que precisava fazer; o céu se escureceu, e o espírito-árvore se virou para Kyrion.
   - O que quer alma incompleta? - Perguntou a arvore em sua voz profunda de árvore.
   O tempo pareceu se deslocar com imensa lentidão, enquanto Kyrion formulava a pergunta que tinha tanto medo de ouvir mais uma das respostas enigmáticas. 
  - Por favor me responda. Quem sou eu? - Foi então que lanças, dardos, flechas e setas começaram a voar em sua direção. Os guerreiros tribais atacavam Kyrion com fúria incomum e horror desmedido. O espírito-árvore fazia sons resmunguentos como se concordasse com algo que não havia sido dito em voz audível.
   - Um Imortal! - Respondeu ele enfático. Mas em sua mente Kyrion ouvia a voz de outros espíritos da floresta: - Você é fonte de um poder antigo. Cobiçado por muitas forças que regem este mundo, e a maioria delas são malignas, cobiçado por reis, repudiado por povos, amado por raças. Quem saberá quem você realmente é? Só você mesmo! - As vozes não paravam.
   Kyrion defendeu os ataques dos guerreiros tribais com barreiras telecinéticas, mas ainda estava longe de acabarem suas perguntas, e os ataques não parariam. Não podia se concentrar nos ataques. Precisava de respostas. Farto dos ataques, criou uma barreira completa e contínua em torno de si. De fato, isto consumiria uma grande quantidade de poder, e ainda não havia recobrado suas forças perdidas em Profanópolis.
   O espírito árvore já retornava para seu lugar.
   - Por que eles me atacam? - Perguntou Kyrion.  - Para eles você maculou seu ritual sagrado. - Respondeu o espírito-árvore ainda caminhando lentamente para dentro do coração da floresta.
   - E para vocês? - Replicou ainda curioso.
   - Nós já o esperávamos há muito tempo. Agora preciso voltar, meu tempo acabou. Eles pararam o ritual, e já não tenho mais forças para sustentar esta forma. - Enquanto o espírito-árvore retornava à sua formas ancestral, os outros espíritos continuaram em sua mente: - Fuja rápido. Esqueça seu amigo por enquanto.Ele ficará bem e saberá o que fazer. Cuidado com suas escolhas, para que não se torne aquilo que mais despreza, aquilo que te persegue. - As vozes cessaram subitamente. 
   - Por favor, não vá. Há muito que preciso saber. Para onde vou? O que devo fazer? 
   Desolado, Kyrion não conseguia pensar em mais nada. Precisava de respostas, mas viu que tinha se preocupado com outras questões que no fundo não importavam, havia feito as perguntas erradas. De súbito, sentiu uma perturbação em seu escudo, algo havia penetrado-o: magia. Sem energia suficiente, contra magia seu escudo era quase impotente. Olhou para trás, mas a mente estava turva pela dúvida. A dor perfurou seu ombro esquerdo.
   Kyrion seguiu em frente, ainda flutuando, até o muro de vegetação, e virou para a direita onde os espíritos haviam aberto uma brecha, e não havia guardas. As árvores possibilitaram assim uma fuga mais rápida.
   Viu que os guerreiros começaram a montar em pássaros e grandes felinos para ir em sua perseguição quando olhou para trás pela ultima vez, ainda não entendendo bem o que vira quando foi atingido pela flecha mágica que permanecia alojada em seu ombro esquerdo. Virou-se para a esquerda, depois para a direita, as árvores pareciam formar paredes de um labirinto em volta de si, quando se deparou com uma descida íngrime, numa espécie de desfiladeiro, já havia virado tantas vezes para a esquerda e para a direita, que já havia se perdido logo na segunda curva, flutuando com a maior velocidade que podia alcançar com os escudos levantados sem esgotar completamente suas forças. 
   Seguiu em frente ouvindo os sons da perseguição, mas não queria perder tempo ou desviar sua atenção olhando para trás. Sua força se desgastava rapidamente, o ombro pulsava em dor desesperadamente. Baixou o escudo, e se pôs a flutuar rente ao solo, onde poderia aumentar sua velocidade e concentração, desviando dos obstáculos com maior facilidade.
   Um tubrilhão de imagens começou a assolá-lo enquanto fugia: quando recebeu a seta em seu ombro e olhou para trás, percebeu Apuamapoena abaixado ao lado do xamã, com um arco na mão, olhando em sua direção. Mas no arco não havia seta, logo percebeu que ele quem atirara a seta por ordem do xamã.

Kyrion foge de Gardênia.


   Dúvidas começaram a povoar a mente de Kyrion. Apuamapoena teria deixado de ser seu amigo? Se sim, quando? Não sabia, e nem se importava mais com aquilo. Sua visão começava a se turvar. Será que a flecha continha veneno também? Precisava chegar a algum lugar seguro antes que o veneno se espalhasse e o ferimento gangrenasse.
   Fugia com tanta pressa que nem percebeu que não havia mais perseguição: havia entrado em outra parte proibida da floresta, uma parte escura, de árvores estranhas, que pareciam perscrutar nas sombras. Suas forças começaram a se esvair enquanto adentrava cada vez mais naquele lugar estranho.
   Logo não via mais nada, seu corpo caía por entre as folhas, e só viu escuridão.

[Continua...]


   

26 de fevereiro de 2012

A Ilha do Oráculo


[Fragmentos] 
 "Por fim o que restava de seu barco deslizou sobre a areia encalhando na praia. Os sóis estavam altos no céu e Kyrion pôde então compreender, ao ver de perto, o que eram aquelas formas que avistara enquanto se aproximava da praia: várias estátuas de um material semelhante ao vidro, porém muito realistas, o que dava impressão de estarem vivas.
  Não havia tempo para apreciação de estátuas e esculturas, precisava chegar logo ao oráculo, pelo que fez uma rápida avaliação na ilha, onde pôde perceber que havia uma espécie de templo no alto da colina mais alta, e uma longa estrada que levava até ele. Não demoraria muito para chegar lá, talvez antes do fim da tarde já estivesse lá.
  Assim, pôs-se a caminhar, seguindo pela estrada, sempre em frente, e apesar de a estrada serpentear pelo descampado, ainda viam-se estátuas aqui e acolá. Algumas estruturas, ruínas de antigos edifícios e construções surgiam pelo caminho à medida que ultrapassava uma e outra colina mais baixa que a do templo.
  A noite caiu densa, como o manto sombrio da desilusão. Logo a chuva começou, e a lama no chão se formou rapidamente. As estátuas vítreas faziam os cabelos da nuca de Kyrion se arrepiarem a cada relâmpago, elas pareciam ganhar vida, isto fazia com que se sentisse vigiado, como se a qualquer momento algo invisível lhe saltasse aos olhos tentando devorá-lo.
  Passara por tanta coisa até chegar naquele lugar ermo: uma ilha, cheia de estátuas de vidro, no meio do Mar Central. Não havia visto nenhuma criatura viva desde que chegara, e nem fantasmas parecia haver ali.
  Quanto mais andara, mais longe parecia estar o Templo do Oráculo Primário, o primeiro e último de sua espécie. O mais temível de todos os tempos. Uma criatura de tamanho poder e sabedoria. Dizia-se que todos que iam a sua procura jamais retornavam. Certamente muitos morriam pelo caminho, alguns devorados pelos monstros marinhos, vários tragados pelos sorvedouros, outros tantos tendo seus barcos despedaçados nos rochedos, ilhotas e recifes de corais, obviamente levados por ventos maus que sopravam no mar. Por todos esses e outros perigos Kyrion passara, mas a todos os obstáculos superara, porém, não ileso.
  A chuva se tornou mais forte. Por sorte Kyrion tinha parado debaixo de uma laje de pedra, que não foi capaz de identificar que tipo de construção teria sido, mas não importava, era um bom lugar para encostar a cabeça e ressonar para mais um dia de viagem.
  Foi uma noite sem sonhos.
  Levantou-se pela manhã com os sóis já altos no céu, olhou a sua volta e percebeu que a chuva já havia passado há muito tempo, pois as poças que haviam se formado começavam a se secar. Olhou à sua volta, e todas as estátuas continuavam ali, a refletir brilhos multicoloridos. 
  Dando-se conta do tempo que perdera dormindo, olhou para o templo, que ainda estava longe, com suas torres que pareciam emanar algum tipo de energia desconhecida, e flutuando acima e ao centro dessas torres ficava um globo, e dentro desse globo podia-se ver uma silhueta de um ser que, pensou Kyrion, poderia ser o próprio oráculo.
  Aguçou a visão, e percebeu que o ser o fitava. Kyrion contemplou aqueles olhos cor de marfim, sem pálpebras, íris ou pupila, apenas uma órbita clara que o olhava profundamente. Uma sensação vertiginosa tomou conta de Kyrion, tamanha proximidade e rapidez havia sido aquele contato visual, desviou o olhar rapidamente, o que fez com que logo descobrisse que estava próximo do templo, mas algum tipo de ilusão o fazia pensar o contrário.
  Pondo em prática tudo o que aprendera, fixou novamente o olhar naqueles estranhos olhos, daquela estranha face de um tom púrpura, cheio de marcas, olhos antigos, amargurados, solitários, olhos de quem vivia há muito tempo sem ver vivalma, que nunca conhecera o sabor de uma família, um amigo ou qualquer coisa próxima disso, e que jamais conheceria tal. Tentou então perscrutar as fraquezas daquele ser, invadir-lhe a mente, romper as barreiras uma a uma.
  Uma onda psíquica muito forte foi criada ao choque de duas mentes tão poderosas. Uma onda que enlouqueceria até mesmo o mais poderoso telepata do mundo conhecido. Prostrou a ambos. Estafado Kyrion começou a cair para frente, mas vendo que seu rosto ia de encontro a uma pedra pontiaguda, moveu-se de forma lenta e desajeitada para o lado, ferindo assim seu ombro e joelho de raspão.
  A ilusão se desfez, e Kyrion se viu ao pé de uma escadaria não muito alta, dois ou três lances, com dez degraus cada. Levantou-se olhando seus ferimentos, que não passavam de arranhaduras, passou um pouco de unguento de cura, e olhou para a escadaria, levantando os olhos para o globo que baixava ao chão. Observou também que a energia que emanava das torres havia diminuído consideravelmente.
  Era hora!
  Subiu as escadas em direção ao globo, não sem pressa, para encontrar cara a cara aquele que poderia lhe dizer ou mostrar tudo o que desejava saber."
[Continua...]

- Dos Relatos de Kyrion - O Incompleto.

23 de outubro de 2011

Nostalgia

[Fragmentos...]

"Kyrion contemplou o anoitecer. 
A noite chegava fria, mas acolhedora. Era uma amiga há muito conhecida. Era ela quem o acolhia. Com seu manto de escuridão o protegia, com seu hálito frio o embalava, com sua densa negrura o fazia dormir.
Nesses momentos ele se lembrava de sua família, que há muito ficara para trás, por escolha sim, mas também por necessidade. Mas ele não queria se lembrar do que desencadeara tudo isso.
Ele levantou seus olhos, mal podia ver as estrelas cintilando naquele negrume céu. As lembranças vinham como um golpe, uma martelada em meio ao peito, uma dor que parecia que nunca iria ter fim.
Seus olhos, agora marejados em lágrimas de tristeza e solidão, turvavam ainda mais o pouco que ele podia ver à sua frente.
Ele mal podia enxergar o caminho que tinha de percorrer. Havia perdido muito pelo caminho. E o que ele havia conquistado? Ele se perguntava constantemente. Perdera amigos, amores, família. Pensava que jamais iria alcançar seus objetivos.
Foi então que lembrou que seguir em frente fazia parte daquilo que ele sempre sonhou, que alcançar seu objetivo mostraria a todos os que duvidaram dele, de seu potencial, a todos que zombaram de seus fracassos, a todos que viraram as costas, e principalmente a si mesmo, que era capaz de seguir em frente, de após uma queda se levantar. 
E assim quem sabe teria de volta aquilo que havia perdido há muito tempo..."

- Dos relatos de Kyrion, o Incompleto.

30 de março de 2011

Palavras dos Sábios de Zharya

"O mundo parece ter crescido. Olho as Agulhas Negras, e não as vejo mais como antigamente, elas diminuíram de tamanho, se tornaram transponíveis, acessíveis. Me pergunto ainda o que há do outro lado. Lamento não poder descobrir, pois tudo que conheço parece estar chegando ao fim." - Ghedur, o Mais Velho de Todos.


"A mãe de minha mãe, e antes dela mãe de meus antepassados transmitiu-nos que os ventos mudaram, sopram agora novos hálitos e trazem sussuros inexplicáveis e às vezes até ininteligíveis. Sinto não se tratar de forças ocultas, mas apenas desconhecidas a nós. Me recuso a pensar que há mais do que aquilo que conhecemos em nosso mundo, apesar de já ter visto de tudo nessa vida." - Zfiri, Senhora dos Montes Ventantes.


"A magia flui menos em nossos corpos como o descrito em nossos livros. Nossos antepassados realizavam atos através de magia que hoje são apenas mito entre nós, nem o mais poderoso sumo-arquimago seria capaz de realizá-los, e já não há mais descendentes, mesmo entre a família real, de sangue puro." - Fardhael, o Arquierudito.




Kyrion e seus Guerreiros.